ORAÇÃO ⁜ SALMO DA BÍBLIA № 149 | ||
§ 149:1 | Ł Louvai ao Senhor! Cantai ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor na assembléia dos santos! | |
§ 149:2 | Ɑ Alegre-se Israel naquele que o fez; regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei. | |
§ 149:3 | Ł Louvem-lhe o nome com danças, cantem-lhe louvores com adufe e harpa. | |
§ 149:4 | Ꝓ Porque o Senhor se agrada do seu povo; ele adorna os mansos com a salvação. | |
§ 149:5 | ⱻ Exultem de glória os santos, cantem de alegria nos seus leitos. | |
§ 149:6 | ⱻ Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e na sua mão espada de dois gumes, | |
§ 149:7 | ᵽ para exercerem vingança sobre as nações, e castigos sobre os povos; | |
§ 149:8 | ᵽ para prenderem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro; | |
§ 149:9 | ᵽ para executarem neles o juízo escrito; esta honra será para todos os santos. Louvai ao Senhor! | |
O SALMO 149 | ||
SERMÃO AO POVO 💬 | ||
§ 1 | 1 Louvemos ao Senhor, com a voz, com o intelecto, com as boas obras. A isto nos exorta o presente salmo: Cantemos-lhe um cântico novo. Pois, ele assim inicia: “Cantai ao Senhor um cântico novo”. Homem velho, velho cântico; homem novo, cântico novo. Antigo Testamento, cântico antigo; Novo Testamento, cântico novo. No Antigo Testamento as promessas são temporais e terrenas. Todo aquele que ama os bens terrenos, canta o cântico velho; quem quer cantar um cântico novo ame os bens eternos. O próprio amor é novo e eterno; sempre novo porque não envelhece. Com efei-to, pensando bem, é antigo; como então é novo? Acaso, meus irmãos, a vida eterna surgiu agora? A vida eterna é Cristo, e segundo a divindade não nasceu agora, porque: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus o e Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito” (Jo 1,1-3). Se as coisas que foram feitas por ele são antigas; que é ele mesmo, por meio de quem tudo foi feito? Que é, senão o eterno, coeterno com o Pai? Ora, nós caímos no pecado, chegamos à velhice. É nossa a voz que ressoa naquele salmo, onde dizemos gemendo: “Envelheci em meio de todos os meus inimigos” (Sl 6,8). O homem envelheceu pelo pecado, e é renovado pela graça. Todos, portanto, que se renovam em Cristo a fim de começarem a pertencer à vida eterna, cantam o cântico novo. | |
§ 2 | Este é o cântico da paz, o cântico da caridade. Todo o que se aparta da união dos santos, não canta o cântico novo. Pois, seguiu a velha animosidade, e não a caridade que é nova. Na caridade que é nova que se encontra? Paz, vínculo da santa sociedade, estrutura espiritual, edifício de pedras vivas. E onde está isto? Não em um só lugar, mas por toda a terra. Escuta como o exprime outro salmo: assim fala: “Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira” (Sl 95,1). Daí se conclui que aquele que não canta com a terra inteira, canta o cântico velho, sejam quais forem as palavras que profiram seus lábios. Ora, por que ficarei atento ao som de suas palavras, se vejo o que ele pensa? E tu, responde-me, vês o que ele pensa? Os fatos o indicam. Pois, o olho não penetra na consciência. Dou atenção ao que ele faz, e assim percebo o que ele pensa. Se alguém, por exemplo, surpreender outro em um furto, em um homicídio, em um adultério, não vê o coração dele, mas vê os fatos. Há certas coisas que ficam escondidas no interior; mas muitas são as que aparecem nas obras, e se tornam manifestas mesmo aos homens. Quando aqueles que se separaram da união da caridade de Cristo e da sociedade da santa Igreja eram maus em seu interior, somente Deus os conhecia. Veio a prova; separou-os e manifestou aos homens o que só Deus sabia. Pois, os frutos só se mostram nos fatos. Daí a palavra: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7,16). O Senhor menciona alguns que se disfarçam em ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes (cf Mt 7,15). E no intuito que a fragilidade humana pudesse reconhecer o lobo disfarçado em ovelha, disse: “Pelos seus frutos os conhecereis”. Procuramos os frutos da caridade, e encontramos os espinhos da dissensão. “Pelos seus frutos os conhecereis”. Portanto, seu cântico é o cântico velho; cantemos nós o cântico novo. Já dissemos, irmãos, que toda a terra canta o cântico novo. Quem não canta com a terra inteira o cântico novo, diga o que quiser, soe em sua boca o Aleluia, diaga-o o dia inteiro, toda a noite; meus ouvidos não se inclinam muito para a voz do cantor, antes procuro os costumes daquele que age. Pois, pergunto-lhe: Que é que cantas? Responderá: Aleluia. Que significa Aleluia? Louvai ao Senhor. Vem, louvemos juntos ao Senhor. Se tu louvas ao Senhor, e eu também louvo o Senhor. Por que discordamos? A caridade louva ao Senhor, a discordia blasfema contra o Senhor. | |
§ 3 | E quereis saber onde haveis de cantar o cântico novo? As palavras do salmo em si já exprimem como e onde devem ser realizadas; se por intermédio de todas as nações, ou em alguma parte da terra. Daí melhor entendereis a quem pertence o cântico novo. Já se evidencia o que mencionei de outro salmo: “Cantai ao Senhor um cântico novo”. E no intuito de demonstrar que o cântico novo é fruto da caridade e da unidade, prosseguiu: “Cantai ao Senhor, terra inteira” (Sl 91,1). Ninguém se separe, se desligue: és trigo; suporta a palha até que seja ventilada. Queres ser lançado fora da eira? Mesmo que fosses trigo, fora da eira, as aves te encontrariam e te apanhariam. Acrescente-se que pelo fato mesmo de te apartares e voares, indicas seres palha. Como eras leve, soprou o vento, e te retirou dos pés dos bois. Ao contrário, os grãos de trigo suportam a trituração. Estão contentes de serem grãos, gemem no meio da palha, esperam aquele que vem para a ventilação, porque o reconhecem como redentor. “Cantai ao Senhor um cântico novo. Ressoem seus louvores na assembléia dos santos”. A Igreja dos santos é a Igreja dos grãos de trigo espalhados por toda a terra; foram semeados através do campo do Senhor, isto é, o mundo, conforme explicou o próprio Senhor, ao falar do semeador: “Um homem semeou boa semente no seu campo. Veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo. Os servos do proprietário lhe disseram: Não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio? Ao que este respondeu: Um inimigo é que fez isto”. Os servos queriam recolher o joio, mas ele o impediu, nesses termos: “Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; em seguida, recolhei o trigo no meu celeiro. Depois os discípulos o interrogaram: “Expli-cai-nos a parábola do joio”. E ele expôs tudo, de sorte que ninguém atribua a seu próprio coração o entendimento da parábola, e sim à exposição do mestre celestial. Ninguém diga: Expôs a si mesmo conforme quis. Se o Senhor expusesse a parábola a um profeta, quando ele falava por meio dos profetas os seus oráculos, quem ousaria dizer que assim não se devia explicar? Com muito mais razão, quando o próprio Senhor explica o que propõe, quem ousará contradizer à verdade evidente? Por conseguinte, o Senhor ao expor esta parábola, assim se expressou: “O que semeia a boa semente é o Filho do homem”, designando-se efetivamente a si mesmo. “A boa semente são os filhos do reino”, a Igreja dos santos. “O joio são os filhos do Maligno. O campo é o mundo” (cf Mt 13,24-30.36,38). Estai cientes, irmãos, de que pelo mundo foi semeada a boa semente e pelo mundo todo foi semeado o joio. Será que numa parte está o trigo e noutra parte o joio? Pelo mundo inteiro encontra-se o trigo e por todo ele o joio. O campo do Senhor é o mundo e não a África. Não acontece como nessas terras: a Getúlia produz sessenta por um ou cem por um, e a Numídia produz dez; não é isto que sucede no campo de Deus. Por toda a parte produz fruto, cem, sessenta e trinta por um; tu, porém, verifica o que queres ser, se julgas pertencer aos frutos do Senhor. Por isso, a Igreja dos santos é a Igreja católica. A Igreja dos santos não é a Igreja dos hereges. A Igreja dos santos é a predita por Deus antes de aparecer; ele a mostrou para que fosse vista. A Igreja dos santos estava primeiro nos códices, agora está entre as nações. Anteriormente, lia-se o que se refere à Igreja dos santos; agora, lê-se e vê-se. Quando apenas se lia, cria-se; agora se vê e se contradiz! “Seus louvores na assembléia dos santos”. | |
§ 4 | 2 “Alegre-se Israel no seu criador”. Que significa Israel? Aquele que vê a Deus. É o sentido do nome de Israel. Quem vê a Deus, alegra-se naquele que o fez. E então, meus irmãos? Tendo afirmado que pertencemos à Igreja dos santos, já vemos a Deus? Como somos Israel, se não vemos? Existe uma espécie de visão do presente; haverá outra visão no futuro. A visão atual é pela fé; a futura, será na realidade plena. Se acreditamos, vemos; se amamos, vemos. Que vemos? A Deus. Onde está Deus? Interroga João. “Deus é amor” (1Jo 4,16). Bendigamos seu santo nome; e alegremo-nos em Deus, se nos alegramos na caridade. Se alguém tem a caridade, porque haveremos de enviá-lo para longe, a fim de ver a Deus? Atenda a sua consciência, e ali verá a Deus. Se a caridade ali não habita, Deus ali não habita. Se, porém, ali se encontra a caridade, Deus habita ali. Quer alguém talvez vê-lo sentado no céu; tenha a caridade, e Deus nele habita como no céu. Sejamos, portanto, Israel, e alegremo-nos naquele que nos fez: “Alegre-se Israel no seu criador”. Alegre-se no seu criador, não em Ario, não em Donato, não em Ceciliano; não em Proculiano 1, não em Agostinho: “Alegre-se no seu criador”. Irmãos, não nos recomendamos a vós; mas vos recomendamos Deus, porque vos entregamos a ele. Como vos recomendamos a Deus? A fim de que o ameis para vosso próprio bem, não para o bem dele. Se não o amais é para vosso mal, não o atinge a ele. Não se diminuirá a divindade em Deus, se o homem não lhe tiver amor. Tu cresces por Deus e não é ele quem aumenta por ti. E no entanto, ele nos amou primeiro (cf 1Jo 4,19), antes que o amássemos, de tal forma que enviou seu Filho único a fim de morrer por nós (cf Jo 3,16). Aquele que nos fez, tornou-se um de nós. Como foi que ele nos fez? “Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito”. Como se fez um de nós? “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1,3.14). Por isso, é nele que devemos nos alegrar. Ninguém se arrogue uma parte desta alegria; dele provém a alegria que nos faz felizes: “Alegre-se Israel no seu criador”. | |
§ 5 | “E no seu rei exultem os filhos de Sião”. Eles são Israel, são filhos da Igreja. De fato, Sião foi um cidade que caiu. Nas suas ruínas, realmente, habitavam os santos por algum tempo; mas a Sião verdadeira, a Jerusalém verdadeira (pois Sião e Jerusalém se identificam) é eterna nos céus; ela é nossa mãe (cf Gl 4,26). Ela nos gerou, é a Igreja dos santos, nos nutriu; parcialmente é peregrina, parcialmente permanece no céu. A parte que permanece no céu constitui a felicidade dos anjos; a parte que peregrina neste mundo forma a esperança dos justos. Dela foi dito: “gloria a Deus nas alturas”, e ainda: “E na terra paz aos homens de boa vontade” (Lc 2,14). Aqueles que gemem na vida presente, desejando a pátria, corram pelo amor e não com os pés corporais. Não procurem navios, mas asas; tomem as duas asas da caridade. Quais são as duas asas da caridade? O amor de Deus e o do próximo. Pois, peregrinamos, suspiramos gememos. Chegaram cartas de nossa pátria; são as que vos lemos. 1 Supõe-se te sido proferido o sermão em Hipona, enquanto vivia ainda Proculiano, bispo da mesma cidade, donatista, no início do século V. Acerca dele ver as cartas de Agostinho 33-35; 78; 88. | |
§ 6 | “Alegre-se Israel no seu criador e no seu rei exultem os filhos de Sião. Seu criador” é o mesmo que: “seu rei”. E: “Israel” é idêntico a: “filhos de Sião”. E: “no seu criado” é igual a: “no seu rei”. O Filho de Deus que nos criou, fez-se um de nós; e nosso Rei nos governa, porque nosso Criador nos fez. Aquele por quem fomos feitos é quem nos governa; somos cristãos, porque ele é Cristo. Cristo é palavra derivada de crisma, isto é, unção. Efetivamente, eram ungidos os reis e os sacerdotes (cf 1Sm 10,1; 16,13; Ex 30,30). Ele, de fato, foi ungido como Rei e Sacerdote. Rei, lutou por nós; Sacerdote, ofereceu-se por nós. Quando lutou por nós, parecia vencido; na verdade, porém, venceu. Pois, foi crucificado e de sua cruz, em que estava pregado, abateu o diabo. Daí vem que é nosso Rei. E como é Sacerdote? Porque ofereceu-se por nós. Dai o Sacerdote uma vítima para ser oferecida. Como encontraria o homem uma vítima pura? Que vítima? Que coisa pura pode oferecer o pecador? Ó iníquo, ó ímpio! Seja o que for que trouxeres é impuro, e no entanto uma vítima pura deve ser oferecida por ti. Procuras junto de ti o que oferecer e não encontras. Procura o que oferecer de ti mesmo. O Senhor não se deleita com carneiros, bodes, touros. Tudo é dele, mesmo que não o ofereças. Oferece-lhe um sacrifício puro. Mas és pecador, és ímpio, tens uma consciência manchada. Talvez possas oferecer algo de puro, depois de te purificares; mas para isso, tens de oferecer alguma coisa por ti. Que, então, hás de oferecer, a fim de te purificares? Se estás purificado, podes oferecer o que é puro. O sacerdote puro, portanto, ofereça-se a si mesmo, e purificará. Foi isto que Cristo fez. Nos homens, ele nada encontrou que fosse puro, a fim de oferecê-lo em lugar dos homens; ofereceu-se, então, como vítima pura. Feliz vítima, verdadeira vítima, hóstia imaculada! Não ofereceu coisa que lhe tenhamos dado; ou melhor, ofereceu o que recebeu de nós e ofereceu-o inteiramente puro. Assumiu nossa carne e a ofereceu. Mas, de onde a recebeu? Do seio da virgem Maria, para oferecer uma carne pura em favor de seres impuros. Ele é o Rei, o Sacerdote. Nele nos alegremos. | |
§ 7 | 3 “Louvem em coro o seu nome”. Que quer dizer: coro? Muitos sabem o que é um coro. E como falamos numa cidade, quase todos o sabem. Coro consta de cantores que cantam a uma só voz. Se cantamos em coro, cantemos em concórdia. Num coro de cantores se uma voz estiver dissonante, ofende os ouvidos, perturba o coro. Se uma voz discordante perturba o uníssono dos cantores, como uma heresia dissonante não há de perturbar a harmonia dos que louvam? O coro de Cristo já está constituído do mundo inteiro. O coro de Cristo soa em uníssono do oriente ao ocidente. Vejamos se a tanto se estende o coro de Cristo. Diz outro salmo: “Desde o nascente ao poente, louvai o nome do Senhor” (Sl 112,3). “Louvem em coro o seu nome”. | |
§ 8 | “Cantem ao som do tambor e do saltério”. Por que o salmista assume o tambor e o saltério? A fim de que louve não somente a voz, mas ainda as obras. Quando se toma o tambor e o saltério, as mãos cantam em uníssino com a voz. Assim também tu, se algumas vezes cantas o Aleluia, e partes o pão com o que tem fome, vestes o nu, recebes o peregrino, não é apenas a voz que ressoa, mas as mãos concordam, porque concordam palavras e atos. Tomaste o instrumento e concordam língua e dedos. Não calemos o mistério do tambor e do saltério. No tambor o couro é estendido, e no saltério estendem-se as cordas. Em ambos os instrumentos a carne é crucificada. Como salmodiava bem com o tambor e o saltério aquele que dizia: “O mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14). Quer que tomes o saltério, como tambor, aquele que ama o cântico novo, que te ensina ao te dizer: “Se alguém quer ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). Não abandone o saltério, não largue o tambor. Seja estendido sobre o madeiro e livre-se da concupiscência da carne. Quanto mais se estendem os nervos, tanto mais eles emitem sons agudos. Que disse o apóstolo Paulo para que o saltério emitisse sons agudos: “Esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está diante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto” (Fl 3,13.14). Estica-se; toca o Cristo e faz soar a doçura da verdade. “Cantem-no ao som do tambor e do saltério”. | |
§ 9 | 4 “Porque o Senhor beneficiou o seu povo”. Que benefício maior do que morrer pelos ímpios? Que benefício tão grande quanto apagar com o sangue do justo o documento da dívida do pecador? Que benefício tão grande como declarar: Não me importa o que fostes; sede o que não fostes? “O Senhor beneficiou o seu povo”, perdoando os pecados, prometendo a vida eterna. É um benefício converter o adversário, ajudar o combatente, coroar o vencedor: “O Senhor beneficiou o seu povo. E exaltará os mansos para sua salvação”. Os soberbos também se exaltam, mas não para sua salvação. Os mansos para a salvação, os soberbos para a morte; isto é, os soberbos exaltam-se a si mesmos, e o Senhor os humilha; os mansos, ao invés, se humilham, mas Deus os exalta. “E exaltará os mansos para sua salvação”. | |
§ 10 | 5 “Exultarão os santos na glória”. Quero dizer algo; ouvi atentamente, o que falarei da glória dos santos. Não há quem não ame a glória. Mas a glória dos estultos, aquela que é denominada vulgar, traz consigo o atrativo enganoso: quem se impressiona com os louvores dos homens vãos, procura viver de tal forma que seja elogiado por quaisquer dos homens, de qualquer forma que seja. Daí se tornarem os homens loucos, inchados de soberba, vazios interiormente, por fora entumescidos, a ponto de perderem seus bens, dando-os aos comediantes, palhaços, caçadores, aurigas. Quanto dão! quanto gastam! Dispendem as forças, não apenas do patrimônio, mas também de sua alma. Aborrecem o pobre, porque o povo não grita para que o pobre receba; ao contrário, o povo grita para que receba o caçador. Eles, portanto, onde não há clamor, não querem dar; onde há clamores dos loucos, eles enlouquecem; e tornam-se todos loucos, os que dão o espectáculo, os espectadores, os que os oferecem. Esta glória estulta é censurada pelo Senhor, reprovada diante dos olhos do Onipotente. E no entanto, meus irmãos, Cristo assim censura os seus: Não recebi de vós tanto quanto receberam os caçadores, tirastes-me do que é meu para lhes dar. “Eu estava nu, e não me vestistes. E eles responderão: “Quando é que te vimos nu e não te vestimos? E ele: Todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25,43-45). Tu, porém, queres vestir a quem te agrada; em que Cristo não te apraz? Queres vestir um caçador, do qual talvez te envergonharás quando vencido. Cristo nunca é vencido. Venceu o diabo, venceu por ti, venceu para ti, e em ti. Não queres vestir a esse vencedor. Por quê? Porque não se clama por ele, nem se fica louco por sua causa. Por isso, os que se comprazem em tal glória, nada possuem em sua consciência. Como esgotam seus tesouros, para enviarem vestes, assim esvaziam a própria consciência, de sorte que ali nada tenham de precioso. | |
§ 11 | 6 É ocioso expor como os santos exultam na glória, de que modo exultam. Ouvi o versículo seguinte deste salmo: “Exultarão os santos na glória, eles se regozijarão em seus leitos”. Não nos teatros, não nos anfiteatros, não nos circos, não com ninharias, não nas ruas; mas “em seus leitos”. Que quer dizer: “nos seus leitos?” Nos seus corações. Escuta como o apóstolo Paulo exulta em seu leito: “O nosso motivo de ufania é este testemunho da nossa consciência” (2 Cor 1,12). Além disso, é de se recear que alguém se compraza em si mesmo, e com certa soberba se glorie de sua consciência. Pois, cada qual deve exultar com tremor (cf Sl 2,11), porque o motivo de sua ufania é um dom de Deus e não mérito seu. Entretanto há muitos que se comprazem em si mesmos, considerando-se justos; e contra eles adianta-se outra página da Escritura, nesses termos: “Quem pode dizer: Purifiquei meu coração, do meu pecado estou puro”? (Pr 20,9). Existe certa maneira de gloriar-se em sua consciência, a saber, se vê que tua fé é sincera, tua esperança certa, tua caridade sem fingimento. Mas visto que ainda haja talvez muita coisa que ofenda aos olhos de Deus, louva a Deus que te deu estas coisas; então ele completará seus dons. Por isso, tendo dito o salmista: “Eles se regozijarão nos seus leitos”. Logo acrescenta: “Os louvores de Deus estarão em seus lábios”. Assim, eles se alegrarão nos seus leitos, não atribuindo a si o fato de serem bons, mas louvarão àquele de quem receberam o que são, pelo qual são chamados para alcançarem aquilo que ainda não são, de quem esperam a perfeição. A ele dão graças, porque foi ele quem começou: “Os louvores de Deus estarão nos seus lábios”. Já estais vendo os santos, a glória deles, por todo o mundo. Vede que “os louvores de Deus estão em seus lábios”. | |
§ 12 | “E nas suas mãos espadas de dois gumes”. Chama-se espada de dois gumes (framea) o que vulgarmente tem o nome de spatah (espada larga). Existem gládios de dois gumes que são as adagas (machaera). As espadas de dois gumes (framea) são chamadas também lanças (rom-phaia) e espadas largas (spatha). Grande mistério encerra esta espécie de ferramenta de dois gumes. Estas “espadas são de dois gumes nas suas mãos”. Entendemos por espadas de dois gumes a palavra do Senhor. Ela é uma só espada de dois gumes. Mas diz-se que são muitas, porque há muitas bocas, muitas línguas dos santos. A palavra de Deus, portanto, é uma espada de dois gumes (cf Hb 4,12). Por que de dois gumes? Fala das realidades temporais, fala das eternas. A respeito de ambas prova o que diz, e separa do mundo aquele a quem fere. Não é um gládio aquele mencionado pelo Senhor: “Não vim trazer paz, à terra, mas espada”? (Mt 10,34). Observa como veio separar, como veio apartar. Separa os santos, separa os ímpios, separa de ti o que te causa impedimento. O filho quer servir a Deus e o pai não quer; veio a espada, veio a palavra de Deus e separou o filho do pai. A filha quer, a mãe não quer; o gládio separa uma da outra. A nora quer, a sogra não quer; venha a espada de dois gumes, traga a promessa da vida presente e da futura, o consolo nas coisas temporais, a fruição das eternas. Eis a espada de dois gumes, que promete bens temporais e eternos. Em que nos decepcionou? Não existia a Igreja de Deus por todo o mundo? Eis que agora está no mundo todo. Lia-se anteriormente o que tratava dela; então não se via; agora como se lê, se vê. Tudo o que nos foi prometido a respeito de bens temporais pertence a um lado da espada; tudo o que é eterno refere-se ao outro lado. Tens a esperança dos bens futuros, tens o consolo acerca dos presentes; não te deixes arrastar por aquele que quer te arrastar para trás: pai, mãe, irmã, mulher, amigo. Não te arraste; ser-te-à útil a espada de dois gumes. Ele te separa para teu proveito, porque estás mal unido. Veio, portanto, nosso Senhor, trazendo a espada de dois gumes, a prometer os bens eternos e a cumprir o que se refere aos temporais. Por isso, diz-se haver dois Testamentos. Que era, então, “as espadas de dois gumes nas suas mãos?” Os dois Testamentos pertencem à espada de dois gumes. O Antigo Testamento promete bens terrenos, o Novo, os eternos. Em ambos a palavra de Deus se mostrou verídica, como uma espada de dois gumes. Por que, então está nas mãos e não nas línguas? “Nas suas mãos espadas de dois gumes”. Nas mãos, em seu poder. Eles, pois, receberam a palavra de Deus com poder, de sorte que a proferissem onde quisessem e para quem quisessem; sem medo diante do poder também, não desprezavam a pobreza. Pois, tinham nas mãos a espada que por onde queriam vibravam, moviam, feriam; tudo isso estava no poder dos pregadores. Ora, se a palavra não está nas mãos, não sucede que alguém queira dizer: Como a palavra é uma espada de dois gumes, e como está nas mãos? Pois, se a palavra não está nas mãos, por que foi escrito: “A palavra de Deus foi dirigida, por intermédio (in manu) do profeta Ageu?” (Ag 1,1). Por acaso, irmãos, Deus colocou sua palavra entre os dedos dos profetas? Por que: foi dirigida por intermédio, in manu? Foi-lhe dado o poder de pregar a palavra do Senhor. Enfim, podemos também entender de outra maneira esta mãos. De fato, os que falaram, tiveram na língua a palavra de Deus; os que escreveram, tiveram nas mãos. “Nas duas mãos espadas de dois gumes”. | |
§ 13 | 7 Já vedes, irmãos, os santos armados. Notai o morticínio, notai os combates gloriosos. Se há imperador, há soldados; se há soldados, há inimigo; se há guerra, há vitória. Que fizeram estes combatentes que tinham nas mãos espadas de dois gumes? “Para executarem a vingança entre as nações”. Vede se não houve vingança entre as nações. Diariamente isso acontece; também nós o fazemos ao falarmos. Notai como foram feridos os habitantes de Babilônia. Foi-lhe retribuído duplamente. Assim está escrito a respeito dela: “Pagai-lhe o dobro, conforme suas obras” (Ap 18,6). Como foi-lhe pago o dobro? Os santos guerreiam, tiram da bainha espadas de dois gumes; fazem-se devastações, morticínios, separações. Como lhes é pago o dobro? Quando Babilônia podia perseguir os cristãos, matava o corpo, mas não abatia a Deus. Agora lhe é pago o dobro. Os pagãos se extinguem, os ídolos são quebrados. Como, dizes, os pagãos são mortos? Como, senão ao se tornarem cristãos? Procuro um pagão e não encontro; fez-se cristão, portanto o pagão morreu. Ora, se não são mortos, por que foi dito a Pedro: “Imola e come”? (At 10,13). Donde provém que o próprio Saulo perseguidor foi morto e levantou-se Paulo pregador? Procuro Saulo perseguidor e não o encontro; foi morto. Como? Pela espada de dois gumes. Mas como foi morto em si, e foi vivificado em Cristo, profere com confiança: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Da mesma forma que lhe sucedeu, ele faz com os outros. Efetivamente, tendo-se tornado pregador, tomou nas mãos a espada de dois gumes, “para executarem a vingança entre as nações”. Visando a evitar que julgues serem os homens feridos com o ferro, ser o sangue derramado, ferida a carne, continua e expõe o sal-mista: “os castigos entre os povos”. Que seriam esses castigos? Correções. Tirai da bainha a espada de dois gumes, sem cessar; Deus vô-la deu, segundo vossa medida. Que espécie de homem és tu que adoras os ídolos? Fala a teu amigo, se ainda resta a quem falar assim: Que homem és tu, que abandonas aquele que te fez, e adoras o que fizeste? O operário é melhor do que o produto que ele fabrica. Se te envergonhas de adorar o operário, não te coras de adorar o que ele fabricou? Quando ele começar a ter vergonha, começar a se compungir, infligiste uma ferida com tua espada; chegou até o coração, e ele há de morrer para viver: “Nas suas mãos espadas de dois gumes, para executarem a vingança entre as nações e os castigos entre os povos”. | |
§ 14 | 8 “Para meterem em grilhões os seus reis e em algemas de ferro os seus príncipes. Para executarem contra eles a sentença escrita”. Facilmente expusemos como cairão ao golpe das espadas para se levantarem, serem separados a fim de se unirem, serem feridos para se curarem, morrerem para viverem. Mas que faremos? Como expor o versículo: “Para meterem em grilhões os seus reis?” Os reis das nações devem ser presos com grilhões. “E os seus príncipes em algemas”; acrescentou o salmista; “de ferro”. Atenção, a fim de reconhecerdes o que já sabeis. Estes versículos que começamos a explicar são obscuros; mas o que tenho a dizer sobre eles, não é novidade. Já vos é conhecido; por isso, não precisais aprender e sim relembrar. Deus quis apresentar alguns de seus versículos de modo obscuro, não para que deles se retire algo de novo, mas a fim de que aquilo que se nos tornara habitual se renove por estas afirmações obscuras. Sabemos que reis se tornaram cristãos, sabemos que príncipes das nações se fizeram cristãos. Existem hoje, existiram e existirão; e não cessam de ferir as espadas de dois gumes nas mãos dos santos. Como, então, entender os grilhões e algemas de ferro que os prenderam? V. Caridade tem conhecimento e instrução a esse respeito (pois fostes nutridos na Igreja e costumais ouvir as leituras divinas): “O que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é”. Com efeito, assim se exprime o Apóstolo: “Vede, pois, quem sois, irmãos, vós que recebestes o chamado de Deus; não há entre vós muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu, e o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e, o que no mundo é vil e desprezado, Deus o escolheu, o que não é, como o que é, para reduzir a nada o que é” (1 Cor 1,26-28). Cristo Deus veio para o bem de todos. Mas preferiu fazer bem ao imperador através do pescador, e não ao pescador por meio do imperador; e escolheu aqueles que eram insignificantes no mundo. Encheu-os do Espírito Santo, deu-lhes espadas de dois gumes, ordenou-lhes que pregassem o evangelho, e fossem pela terra inteira (cf Mt 28,19). O mundo se enfureceu, ergueu-se o leão contra o cordeiro; mas o cordeiro foi mais forte que o leão. O leão venceu por cruel-dade, mas o cordeiro venceu pela paciência. Os corações humanos se converteram ao temor de Cristo; começaram os reis, começaram os príncipes a se comoverem com os milagres, a se perturbarem com o cumprimento das profecias, a verem o gênero humano se reunir todo sob um só nome. E que fazer? Muitos preferiram a ignomínia, e abandonando suas casas, e distribuindo seus bens aos pobres, acorreram à perfeição. O Senhor disse a um jovem imperfeito: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres. Depois, vem e segue-me. E terás um tesouro nos céus” (Mt 19,21). Muitos nobres assim agiram; mas cessaram de ser nobres das nações; escolheram a pobreza do mundo, e a nobreza em Cristo. Muitos, porém, mantêm a própria nobreza, mantêm o poder régio, e assim são cristãos. Estão como que presos com grilhões e algemas de ferro. Por quê? Aceitaram os grilhões a fim de não avançarem para as coisas ilícitas; grilhões da sabedoria, grilhões da palavra de Deus (cf Eclo 6,25). | |
§ 15 | Por que motivo vínculos de ferro e não de ouro? São de ferro por todo o tempo em que eles temem; amem, e os grilhões se tornarão de ouro. V. Caridade preste atenção ao que vou dizer. Acabastes de ouvir a palavra do apóstolo João: “Porque o temor implica um castigo; não há temor no amor; mas o perfeito amor lança fora o temor” (1Jo 4,18). Este é um vínculo de ferro. Todavia, se o homem não começar a temer a Deus, não chegará ao amor. O começo da sabedoria é o temor do Senhor (cf Sl 110,10). Começa, pois, com vínculos de ferro e acaba com um colar de ouro. Foi dito acerca da Sabedoria: “E um colar de ouro no teu pescoço” (cf Eclo 6,25). Ele não te imporia um colar de ouro se primeiro não te ligasse com grilhões de ferro. Começaste pelo temor, será consumado pela sabedoria. Quantos são os que não querem fazer o mal pelo medo da geena, porque temem os suplícios? Ainda não amam a justiça. Se lhes fosse prometida a impunidade, e fosse-lhes dito: Fazei o que quereis com segurança; fica-reis impunes. Soltariam as rédeas de seus incentivos maus para praticar os piores pecados. Principalmente, meus irmãos, principalmente os reis e os nobres, aos quais não se diz facilmente: que fizestes? Pois o pobre, embo- ra não tema a Deus, como não tem forças, nem possibi-lidades, por medo de ele se agitar, é levado ao suplício, deixa de fazer o mal por temor dos homens, embora não de Deus. Os poderosos do mundo, reis, nobres, se não temerem a Deus, o que temerão? Mas prega-se para eles, e são feridos pela espada de dois gumes. Anuncia-se-lhes que existe quem coloque uns à direita e outros à esquerda, a fim de se dizer aos que estão à esquerda: “Ide para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25,33.41). Ainda não amam a justiça, mas temem o castigo; e temendo o castigo, já estão em grilhões, e são instruídos pelos vínculos de ferro. Procura-nos um poderoso deste mundo; sua mulher o ofendeu, ou talvez deseja uma mais bela do próximo, ou outra mais rica. Quer despedir a que tem e não o faz. Ouve a palavra de um servo de Deus, ouve um profeta, ouve o apóstolo, e não o faz; ouve de alguém que tem nas mãos uma espada de dois gumes: Não o farás, não te é lícito, Deus não permite abandonar a mulher, a não ser por motivo de fornicação (cf Mt 5,32). Escuta isso, teme e não o faz. Os pés ligeiros já partiam para a queda, mas são presos nos grilhões; têm vínculos de ferro, temem a Deus. Alguém lhe diz: Deus te condenará, se o fizeres; é um juiz acima de todos, ouve os gemidos de tua esposa, tornar-te-ás réu em sua presença. Por essa concupiscência é acariciado, pela pena é atemorizado. Ia consentindo no mau desejo, se não o retivessem vínculos de ferro. Mas ainda, se disser: Quero abster-me já não quero mulher. Não podes. E se tu queres e ela não quer? Acaso por tua continência deve ela se tornar adúltera? Se ela se casar com outro, enquanto vives, será adúltera. Deus não quer por tal lucro compensar tal dano. Paga o débito; embora não o exijas, paga-o. Deus te computará como santificação perfeita, se não exiges o que ela deve, mas pagas o que deves à mulher. Temes, não fazes. Teus vínculos são sacudidos. Escuta como estás ligado com vínculos de ferro: “Estás ligado a uma mulher? Não procures romper o vínculo” (1 Cor 7,39.3.27). É duro, é férreo. Quando o Senhor o disse, mostrou que o vínculo é de ferro. Adolescentes, ouvi. São vínculos férreos. Não coloqueis neles os pés. Quando os puserdes, estreitamente sereis apertados pelos grilhões. Tais grilhões vós os consolidais e as mãos do bispo. Os presos com grilhões não se refugiam na igreja e aqui são libertados? Os homens fogem para cá querendo abandonar as esposas: aqui são presos mais estreitamente. Ninguém rompe esses grilhões. “Que o homem não separe o que Deus uniu”. Mas são vínculos duros. Quem não o sabe? Os apóstolos se queixaram desta dureza, dizendo: “Se é assim a condição do homem em relação à mulher, não vale a pena casar-se”. Se os vínculos são de ferro, não convém colocá-los nos pés. E o Senhor respondeu: “Nem todos são capazes de compreender esta palavra. Quem tiver capacidade para compreender, compreenda!” (Mt 19.6.10.11). “Estás ligado a uma mulher? Não procures romper o vínculo”, porque estás preso com vínculos férreos. “Não estás ligado a uma mulher? Não procures mulher” (1 Cor 7,27). Não te prendas com vínculos de ferro. | |
§ 16 | 9 “Para executarem contra eles a sentença escrita”. É a sentença dos santos contra todas as gentes. Por que: “escrita?” Porque ela foi previamente escrita, e agora se realiza. Eis que agora se dão os fatos; outrora se lia, e não se fazia. E assim conclui o salmo: “Esta a glória de todos os seus santos”. Pelo mundo inteiro, por todas as gentes assim agem os santos, assim são glorificados. Deste modo exaltam a Deus com seus lábios, assim exultam em sua glória, assim são elevados para sua salvação, assim cantam o cântico novo, assim proferem o Aleluia com o coração, a boca, a vida. Amém. | |