ORAÇÃO ⁜ SALMO DA BÍBLIA № 117 | ||
§ 117:1 | Ł Louvai ao Senhor todas as nações, exaltai-o todos os povos. Porque a sua benignidade é grande para conosco, e a verdade do Senhor dura para sempre. | |
§ 117:2 | Ꝓ Porque a sua benignidade é grande para conosco, e a verdade do Senhor dura para sempre. Louvai ao Senhor. | |
O SALMO 117 | ||
SERMÃO AO POVO 💬 | ||
§ 1 | Ouvimos, irmãos, o Espírito Santo a nos admoestar e exortar a que ofereçamos a Deus o sacrifício de nossa confissão. A confissão, porém, pode ser de louvor, ou de nossos pecados. Aquele tipo de confissão que nos leva a declararmos a Deus nossos pecados é de todos conhecida, a tal ponto que a multidão menos instruída pensa que só esta confissão existe nas Sagradas Escrituras. Pois, logo que essas palavras soam na boca do leitor, imediatamente segue o piedoso ruído das batidas no peito. Mas deve-se observar como foi dito em outro salmo: “Entrarei no local do tabernáculo admirável, até a casa de Deus, entre gritos de alegria e de louvor (confessional), e sons festivos” (Sl 41,5). Aqui certamente evidencia-se serem os gritos de confissão não demonstração de tristeza da penitência, mas pertencem à alegria da festividade celebrada. Ou se alguém duvida de tão manifesto testemunho, que dirá do que se acha no Eclesiástico: “Bendizei ao Senhor por todas as suas obras, dai glória ao seu nome, por vossos cânticos, com as vossas cítaras, assim confessareis em seu louvor, assim direis em confissão: Todas as obras do Senhor são magníficas”? (Eclo 39,14-16). Ninguém, certamente, nem o mais tardo, duvidará que neste trecho confissão significa louvor a Deus. A não ser que seja tão grande, talvez, a perversidade mental que ouse afirmar ter o próprio Senhor Jesus Cristo confessado ao Pai seus pecados. Se um ímpio tentasse objetá-lo, por causa da palavra confissão, facilmente seria refutado pelo próprio contexto das palavras. Assim fala o Senhor: “Eu te confesso, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”. Quem não entende que fala assim em louvor ao Pai? Quem não vê que esta confissão não é referente à dor do coração e sim à alegria, uma vez que o evangelista a fizera preceder das palavras: “Naquele momento, ele exultou de alegria sob a ação do Espírito Santo e disse: Eu te confesso, ó Pai”? (Lc 10,21). | |
§ 2 | 1 Por esta razão, caríssimos, absolutamente não se pode duvidar, diante de testemunhos tão concordantes, dos quais vós mesmos podeis descobrir alguns semelhantes nas Escrituras, que o termo confissão nas Sagradas Letras designa não somente declaração dos pecados, mas também louvor a Deus. A que ação entendemos admo-estar-nos convenientemente este salmo, depois de cantarmos “Aleluia”, isto é, louvai ao Senhor, ao ouvirmos: “Confessai ao Senhor”, senão à mesma, isto é, que louvemos ao Senhor? Não é possível explicar o motivo de se louvar a Deus de forma mais resumida do que declarar: “porque ele é bom”. Não descubro algo de maior do que esta brevidade. De tal modo é peculiar a Deus ser bom que o Filho de Deus interpelado por alguém, que lhe dizia: “Bom mestre” (ele o via corporalmente, não entendia que possuía a plenitude da divindade e o considerava simples homem), respondeu-lhe: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão só Deus” (Mc 10,17-18). Qual o significado disso senão: Se queres chamar-me bom, entende que sou Deus? De maneira muito adequada o salmo acrescenta: “Porque sua misericórdia perdura pelos séculos”, porque se dirige ao povo, numa predição do futuro, ao povo libertado de todo trabalho, do cativeiro de sua peregrinação, de qualquer mistura com os ímpios, porque lhe foi concedido pela graça de Deus não somente de não retribuir o mal com o mal, mas ainda de retribuir o mal com o bem. | |
§ 3 | 2.5 “Proclame, pois, a casa de Israel que ele é bom, que sua misericórdia perdura pelos séculos. Proclame a casa de Aarão que ele é bom, que sua misericórdia perdura pelos séculos. Repitam os que temem o Senhor, que sua misericórdia perdura pelos séculos”. Acredito, caríssimos irmãos, que estais reconhecendo qual a casa de Israel, qual a casa de Aarão, e que ambas temem o Senhor. Pois, são eles os pequenos e grandes, já sugeridos a vossos corações em outro salmo. Alegramo-nos de sermos associados a seu número todos nós, por graça daquele que é bom e cuja misericórdia perdura pelos séculos. Foram atendidos aqueles que disseram: “O Senhor vos multiplique, a vós e a vossos filhos” (cf Sl 113,12.14). Assim, aos israelitas que acreditaram em Cristo, entre os quais se acham os apóstolos, nossos pais, veio unir-se certo número de gentios para a excelência dos perfeitos e a obediência dos pequenos. Desta forma, digamos todos que nos tornamos um em Cristo, um rebanho sob um só pastor e corpo daquela Cabeça, como que constituindo um só homem: “No meio da tribulação invoquei o Senhor e ele me atendeu amplamente”. A angústia de nossa tribulação acaba; a amplidão para onde passamos, não possui termo. “Pois, quem acusará os eleitos de Deus? (Rm 8,33). | |
§ 4 | 6.7 “O Senhor é meu amparo; não temerei. Que me poderão fazer os homens?” Mas, os inimigos da Igreja são apenas homens? Que é o homem, dado à carne e ao sangue senão carne e sangue? Diz, contudo, o Apóstolo: “O nosso combate não é contra o sangue nem contra a carne, mas contra os Principados, contra os Dominadores deste mundo de trevas”, isto é, os dominadores dos iníquos, dos que amam este mundo e por isso das trevas; também nós éramos outrora trevas, mas agora somos luz no Senhor (Ef 5,8). “Contra os Espíritos do Mal, que povoam as regiões celestiais” (Ef 6,12), isto é, o diabo e seus anjos. Este diabo é denominado noutra parte Príncipe do poder do ar (Ef 2,2). Escuta agora o que segue: “O Senhor é meu amparo; e desprezarei meus inimigos”. Seja qual for a espécie de inimigos que se levantem, quer sejam do número dos homens malvados, quer do número dos maus anjos, com o auxílio do Senhor sejam desprezados, do Senhor ao qual confessamos com louvor, ao qual cantamos: Aleluia. | |
§ 5 | 8.9 Uma vez desprezados os inimigos, não se apresente um homem bom como amigo, de tal forma que queira ponha eu nele a minha esperança. Pois “é melhor confiar no Senhor do que confiar nos homens”. Nem considere eu algum anjo que de certo modo possa se chamar de anjo bom como se nele deva depositar minha esperança; pois ninguém é bom senão só Deus (cf Mc 10,13). Se um homem ou um anjo parecem ajudar, se o fazem por verdadeiro amor, quem age por eles é Deus que os fez bons, cada um a seu modo. Por conseguinte, “é melhor confiar no Senhor do que esperar nos príncipes”. Com efeito, os anjos recebem o nome de príncipes, conforme lemos no profeta Daniel: “Miguel, o vosso príncipe” (Dn 12,1). | |
§ 6 | 10.11 “Cercaram-me todas as gentes, mas em o nome do Senhor delas me vinguei. Assediaram-me de todos os lados, mas em o nome do Senhor delas me vinguei”. Quanto à frase: “Cercaram-me todas as gentes, mas em o nome do Senhor delas me vinguei” trata das lutas e da vitória da Igreja. Mas, como se alguém perguntasse à Igreja de onde veio que ela pôde superar tão grandes males, referiu-se a seu exemplar e narrou o que primeiro sofreu em sua Cabeça, acrescentando: “Assediaram-me de todos os lados”. Com razão não repetiu: “todas as gentes”, porque isto foi feito pelos judeus apenas. “E em o nome do Senhor delas me vinguei”, porque então o próprio povo piedoso, que é o corpo de Cristo, suportou os perseguidores. Deste povo Cristo assumiu a carne que pendeu do lenho. Em seu favor se fez tudo o que a divindade oculta no interior da carne realizou por ela, o que a força imortal realizou de modo mortal. | |
§ 7 | 12 “Cercaram-me como um enxame de abelhas e inflamaram-se como fogo entre espinhos, mas em o nome do Senhor delas me vinguei”. Aqui a ordem das palavras segue a ordem dos fatos. Pois, entendemos com razão que o próprio Senhor, Cabeça da Igreja, foi assediado pelos perseguidores como cerca um enxame de abelhas. O Espírito Santo fala com mística subtileza do que foi feito pelos que não sabiam o que faziam. De fato as abelhas fabricam o mel nos favos; os perseguidores do Senhor, sem o saberem, fizeram-nos o Senhor mais doce pela própria paixão, a fim de provarmos e vermos quão suave é o Senhor (cf Sl 33,9), que morreu por causa de nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação (cf Rm 4,25). Quanto ao seguinte: “E inflamaram-se como fogo entre os espinhos” aplica-se melhor ao povo espalhado por toda parte. Cercaram-no todas as gentes quando foi formado de todas elas. Com efeito, “inflamaram-se como fogo entre espinhos” quando queimaram no fogo da perseguição a carne pecadora e também os golpes assaz incômodos desta vida mortal. “Mas em o nome do Senhor delas me vinguei”, seja porque também eles, extinta a malícia com que perseguiam os justos, foram associados ao povo cristão, seja porque aqueles dentre eles que desprezaram no tempo presente a misericórdia do Senhor que os chamava, haverão de sentir no fim dos tempos a realidade daquele que os vai julgar. | |
§ 8 | 13 “Como um montão de areia fui empurrado para cair, mas o Senhor me sustentou”. De fato, embora já fosse tão grande a multidão dos fiéis que podia ser comparada a inumeráveis grãos de areia, e estivesse constituída numa só sociedade como um montão de areia, contudo que é o homem se tu, Senhor, não te lembrares dele (cf Sl 8,5)? O salmista não disse: O número dos gentios não superou meu elevado número, mas “o Senhor me sustentou”. A perseguição dos gentios não teve como empurrar para que caísse a multidão dos fiéis unânimes na unidade da fé, que confiou naquele que sustentou a cada um, a todos e em toda parte. Ele nunca falta aos que os invocam. | |
§ 9 | 14 “O Senhor é a minha fortaleza e o meu louvor e foi a minha salvação”. Quais são os que caem quando são empurrados, senão os que querem ser sua própria fortaleza e seu louvor? Ninguém, efetivamente, cai no combate, se sua fortaleza e seu louvor não caírem. Por isso, quem encontra no Senhor sua fortaleza e seu louvor, não cai porque não cai o Senhor. Por esta razão, ele se tornou a sua salvação. Não quer isto dizer que ele se tornou o que antes não era, mas que os fiéis, ao acreditarem, se tornaram o que não eram e Deus começou a ser a salvação não para si, mas para aqueles que enquanto contrários a Deus não era, mas começaram a ser quando se converteram. | |
§ 10 | 15 “Ressoam brados de alegria e de salvação nas tendas dos justos”. Pensavam que ali soavam gritos de tristeza e de morte aqueles que maltratavam os corpos dos justos. Eles não percebiam as alegrias interiores dos santos, devido à esperança dos bens futuros. Daí dizer também o Apóstolo: “como tristes e, não obstante, sempre alegres” (2 Cor 6,10). E ainda: “E não é só. Nós nos gloriamos também nas tribulações” (Rm 5,3). | |
§ 11 | 16 “A destra do Senhor realizou prodígios”. Quais? “A destra do Senhor me exaltou”. É grande prodígio exaltar o humilde, deificar o mortal, tirar perfeição da fraqueza, da sujeição glória, da paixão vitória, dar auxílio na tribulação de tal modo que se revela aos aflitos a verdadeira salvação de Deus, enquanto continua a ser vã a salvação que o ho-mem proporciona para os que os afligem. Grandes prodígios! Mas, que há de espantoso nisso? Escuta o que repete o salmo. Não foi o homem que se exaltou, nem o homem que se aperfeiçoou, nem o homem que obteve glória para si mesmo, nem o homem que venceu, nem o homem que foi sua própria salvação: “A destra do Senhor realizou prodígios”. | |
§ 12 | 17 “Não morrerei; hei de viver e narrar as obras do Senhor”. Ora, os perseguidores espalhando por toda parte a morte devastadora, julgavam que morria a Igreja de Cristo. Eis que agora narra as obras do Senhor. Por toda parte Cristo é a glória dos bem-aventurados mártires. Ele venceu açoitando os que feriam, suportando os impacientes, amando os cruéis. | |
§ 13 | 18 Entretanto, por que o corpo de Cristo, a santa Igreja, o povo da adoção suportou tantos tratamentos indignos? Indica-nos o motivo. “O Senhor me castigou duramente, mas não me entregou à morte”. Os ímpios encolerizados não pensem que tudo foi permitido à sua força; eles não teriam este poder se não lhes tivesse sido dado do alto. Muitas vezes o pai de família manda que escravos muito maus castiguem seus filhos, embora prepare a estes a herança e a eles os grilhões. Que herança é esta? De ouro, prata, pedras preciosas, terras, amenas propriedades? Considera por onde se entra e conhecerás qual é. | |
§ 14 | 19 “Abri-me as portas da justiça”. Ouvimos falar em portas. Que existe lá dentro? “Entrarei por elas para confessar ao Senhor”. Trata-se da confissão de louvor, “admirável, até a casa de Deus, entre gritos de alegria e de louvor, e sons festivos” (Sl 41,5). Tal é a eterna felicidade dos justos, que faz felizes os que habitam na casa de Deus, os que o louvam pelos séculos dos séculos (Sl 83,5). | |
§ 15 | Mas vê como se entra pelas portas da justiça. “Estas são as portas do Senhor, os justos por elas entrarão”. Ao menos por estas nenhum injusto penetra naquela Jerusalém que não encerra incircuncisos. Lá se diz: “Fora os cães” (Ap 22,15). Baste que em minha peregrinação que muito se prolongou, “habitei nas tendas de Cedar, e com os que odeiam a paz fui pacífico” (Sl 119,5.6). Suportei até o fim a mistura com os maus, mas “estas são as portas do Senhor, os justos por elas entrarão”. | |
§ 16 | 21 “Eu te confessarei, Senhor, porque me ouviste e foste a minha salvação”. Com grande freqüência demonstra-se que esta confissão é de louvor; não se mostram aí as feridas ao médico, mas dá-se graças pela saúde recuperada. Ora, o próprio médico é a salvação. | |
§ 17 | 22 Mas, quem é ele? “A pedra que os construtores rejeitaram, pois ela tornou-se a pedra angular”, de ambos os povos fazendo um só, “a fim de criar em si mesmo um só homem novo, estabelecendo a paz e de reconciliar a ambos com Deus em um só corpo, isto é circuncisos e incircuncisos” (Ef 2,15). | |
§ 18 | 23 “Foi o Senhor quem assim o fez”, isto é, o Senhor o fez à pedra angular. Não teria sido feito se ele não tivesse sofrido, mas não foi realizado por aqueles que o fizeram sofrer. Pois, aqueles que edificavam a rejeitaram; mas como o Senhor ocultamente construía, transformou em pedra angular aquele que eles rejeitaram. “E é maravilhoso a nossos olhos”, aos olhos do homem interior, aos olhos dos que crêem, esperam, amam; não aos olhos carnais dos que o rejeitaram, desprezando-o como se fosse apenas um homem. | |
§ 19 | 24 “Este é o dia que o Senhor fez”. Lembra-se este homem de ter dito num salmo anterior: “Porque inclinou para mim o seu ouvido, nos meus dias em que o invoquei” (Sl 114,2); chama seus dias os dias de outrora. Por isso, diz agora: “Este é o dia que o Senhor fez”, isto é, em que me deu a salvação. Deste dia ele declarou: “No tempo favorável eu te ouvi, no dia da salvação te socorri” (Is 49,8), isto é, no dia em que Cristo mediador se tornou a pedra angular. Por este motivo, “nele exultemos e nos alegremos”. | |
§ 20 | 25 “Ó Senhor, dá-me a salvação; ó Senhor, dá-nos um próspero caminho”. Como é um dia de salvação, “dá-me a salvação”. Ao voltarmos de uma longíqua peregrinação, separamo-nos daqueles que odeiam a paz, éramos pacíficos, e ao lhes falarmos, eles sem motivo nos impugnavam (cf Sl 119,7). “Dá um próspero caminho” aos que regressam, porque tu te fizeste caminho para nós. | |
§ 21 | 26 “Bendito o que vem em nome do Senhor”. Maldito, portanto, o que vem em seu próprio nome, conforme a palavra do evangelho: “Vim em nome de meu Pai mas não me acolheis; se alguém viesse em seu próprio nome, vós o receberíeis” (Jo 5,43). “Nós vos bendizemos da casa do Senhor”. Creio que esta palavra é dirigida pelos grandes aos pequenos, aqueles grandes que espiritualmente atingem, quanto é possível nesta vida, o Verbo de Deus junto de Deus; contudo, moderam a palavra por causa dos pequenos, de sorte a poderem sinceramente falar como o Apóstolo: “Se nos deixamos arrebatar como para fora do bom senso, foi por causa de Deus; se somos sensatos, é por causa de vós. Pois a caridade de Cristo nos compele” (2 Cor 5,13-14). Eles bendizem os pequenos do interior da casa do Senhor, onde o seu louvor não se cala pelos séculos dos séculos; por isso vede o que eles de lá anunciam. | |
§ 22 | 27 “O Senhor é Deus e é nossa luz”. Aquele Senhor que vem em nome do Senhor, que os construtores rejeitaram, mas tornou-se a pedra angular (cf Mt 21,9.42); aquele mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1 Tm 2,5) é Deus, igual ao Pai e nossa luz, a fim de entendermos o que acreditamos, e enunciarmos para vós que ainda não entendeis, mas já acreditais. No intuito de também vós entenderdes, “estabelecei um dia festivo com procissão até os ângulos do altar”, isto é, até o interior da casa de Deus, de onde vos bendizemos, de lá onde estão as proeminências do altar. “Estabelecei um dia festivo”, não fria nem tibiamente, mas com uma “procissão. Há gritos de alegria e sons festivos dos que caminham até o tabernáculo admirável, até a casa de Deus” (Sl 41,5). Na mente pacificada dos justos, se há ali sacrifício espiri-tual, eterno sacrifício de louvor, também há o sacerdócio eterno e o altar eterno. Falemos mais claramente, irmãos: àqueles que querem entender o Verbo que é Deus, não lhes baste a carne, o Verbo feito carne, para que se nutram de leite, nem lhes baste este dia festivo em que o cordeiro foi morto; mas forme-se uma procissão a fim de atingir, com as mentes elevadas pelo Senhor, o interior da divindade daquele que se dignou apresentar-nos exteriormente sua humanidade, para nos nutrir com leite. | |
§ 23 | 28.29 E que cantaremos ali a não ser os seus louvores? Que diremos senão: “Tu és o meu Deus e eu te confessarei; és o meu Deus e eu te exaltarei. Eu te confessarei, Senhor, porque me ouviste e foste a minha salvação?” Não o diremos com o ruído das palavras, mas a caridade que adere ao Senhor por si mesma assim clama; o próprio amor constitui esta voz. Por isso, como o salmista começou com o louvor, assim termina: “Confessai ao Senhor, porque ele é bom, porque sua misericórdia perdura pelos séculos”. Deste modo começou o salmo, e igualmente aqui termina. Como no início de onde partimos, assim no final aonde voltamos, nada há que nos deleite de maneira mais salutar do que o louvor de Deus, e sempre “Aleluia”. | |